Quem poderia dizer o que pode, ou não, um corpo surdo? Seus médicos, professores, pais ou os intérpretes? Esta questão, apresentada de inúmeras formas, vem atravessando a história das civilizações em condição de menor importância e visibilidade. O capacitismo não poupa ninguém. Memórias e assuntos de relevância social são negligenciados e distorcidos até os dias de hoje. Contudo, uma revisão atenta da nossa história vem se fortificando junto à resistência aos governos autoritários que regem nossas atualidades. Os debates sobre as pessoas surdas e seus saberes não se isentam dos conflitos de cada tempo pelo qual passamos e, por isso, não se desviam das setas do agora.

Contudo, até que possamos avançar a níveis mais profundos desse debate, ampliando nosso olhar para além das instituições, precisamos observar atentamente o caminho que os estudos sobre as pessoas e os saberes surdos vêm tomando. Nesta 55ª edição da Revista Espaço, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) compartilha um rico material que, em cada uma de suas seções, foca em faces dos complexos debates institucionais que têm se (re)pensado a partir das novas posturas e concepções sobre os sujeitos surdos.