Resumo
A educação de surdos é parte do processo de escolarização de minorias linguísticas em nosso território. É intenção deste artigo demonstrar como a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pode ser articulada aos estudos sobre estratégias didáticas apropriadas à educação de surdos. Entende-se que, para a Educação Infantil, no que tange aos direitos de aprendizagem estabelecidos pela BNCC (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se), deve-se prever objetivos cognitivos próprios às crianças surdas, tendo em vista as modalidades de aprendizagem viso-gestual-tátil (LADD; GONÇALVES, 2011), fundantes de propostas pedagógicas surdas. Para ampliar as reflexões sobre o currículo e a educação de surdos, foram consideradas as leituras dos livros: Patinho surdo, de Karnopp e Rosa (2011); Cinderela surda, de Silveira, Karnopp e Rosa (2011) e Aritmética da Emília, de Lobato (1995). Como resultados, percebe-se que as adaptações dos clássicos da literatura infantil para a cultura surda são necessárias, principalmente quando se considera o direito de aprendizagem de conhecer-se. Outros clássicos, como a obra de Lobato, abrem espaço para criação de estratégias didáticas que ampliem a compreensão de conceitos ligados ao campo da Matemática de forma a considerar o que está descrito de forma literária, tais como cenários e situações propostas na trama do texto como base para proposição de atividades em sala de aula, para que as crianças entrem na experiência através de recursos didáticos, tais como a teatralização, compreendendo que os campos de experiências propostos na BNCC indicam caminhos para uma didática baseada na vivência e não apenas na transmissão de conteúdos de forma teórica. Entende-se que as modalidades viso-gestual-tátil devem estar ancoradas no contexto significativo do texto literário, quando a proposta é ampliar a compreensão de conceitos a partir do acesso ao livro de literatura infantil.