Resumo
As discussões sobre a juventude e o poder local colocam em foco o tecido das relações entre a esfera pública e a sociedade civil. A década de 90 carregou novas perspectivas sobre o olhar dirigido à condição juvenil. Ao mesmo tempo em que os jovens são alvo da mídia, da opinião pública e de esparsas ações de governo no campo da assistência e dos serviços, passam também a ser vistos como perigosos e produtores do risco, tornando-se alvo privilegiado das políticas coercitivas de segurança pública. De vítimas a algozes: o pêndulo perde em equilíbrio e dificulta o exercício ponderado do olhar. Dessa miopia produzida emana a ênfase do olhar desconfiado sobre o jovem, o que exige atenção maior em torno das políticas públicas a eles dirigidas, um debate intenso sobre a noção de risco social e ir além, problematizando a condição de sujeito de direitos do jovem e sua possibilidade de participação social. Essas preocupações encarnam o mote que este texto pretende explorar.