Resumo
A diversidade da surdez, sob a visão antropológica, é um mote para pensar diferentes formas de incluir esses sujeitos na sociedade, pois ela nos permite lançar um olhar sobre esses indivíduos como sujeitos, considerando as suas características e diversidade. Pensar nos aspectos culturais dessa comunidade envolve um aceite da língua de sinais como natural e que ela pode ser aprendida pelas crianças desde sob a ótica da comunicação e não da reabilitação. Este trabalho surge das discussões realizadas durante o curso de Aperfeiçoamento promovido pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos- INES, cujo tema é atendimento aos surdos com outras deficiências e vem se debruçar sobre alguns aspectos do uso da língua de sinais por crianças autistas. A fim de atender a proposta do curso, este trabalho foi construído como uma pesquisa teórico-prática. Trata--se de uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo é compreender quais aspectos devem ser considerados para que a comunicação em Língua de sinais seja incluída no desenvolvimento da criança autista. Para o andamento da pesquisa, foi utilizada uma revisão bibliográfica sobre o uso da Libras
por crianças autistas e depoimento de professores que atuaram no atendimento de crianças autistas. Através de algumas reflexões sobre o que vem sendo proposto como ensino de língua de sinais como meio alternativo de comunicação para essas crianças, foi possível compreender que a forma de abordagem apresentada e os mecanismos de ensino e proposta não se enquadram numa perspectiva de ensino--aprendizagem de língua. Porém estão associados a uma proposta de ensino de elementos manuais e visuais de comunicação alternativa. Foi possível identificar também a importância das relações afetivas na escolha das melhores maneiras de realizar uma intervenção em cada caso, não sendo ignorada a utilização de sinais e gestos caseiros nessa construção de relação. Assim, propomos que sejam pensadas outras estratégias de intervenção utilizando esses sinais, adotando o que podemos associar aos sinais metódicos, mas que tivessem como recurso, sinais icônicos de diferentes línguas de sinais, gestos caseiros comuns, que poderiam ser experimentados nas interações entre educadores-aluno e familiar-estudante.