Resumo
Os anos que marcam a passagem do final do século XX para o século XXI situam o movimento de ruptura dos discursos médicos que historicamente inscreveram os/as Surdos/as como “anormais” e “deficientes” da linguagem. Categorias como “identidade Surda” e “cultura Surda” passaram a circular em um novo território discursivo que buscava narrar a existência Surda como experiência visual, conectando os/as Surdos/as e suas interações humanas ao campo da diferença. Este artigo, produzido por um investigador subalterno e uma ouvinte aliada, objetiva apresentar o trabalho empreendido pelo ativista e intelectual Surdo britânico Paddy Ladd, a partir do final dos anos 1990, iluminando conceitos fundamentais na discussão teórica da diferença Surda. Por meio do levantamento de publicações do autor não traduzidas para o português brasileiro, mapeamos algumas das principais categorias teóricas que contribuíram para a emergência do campo epistemológico dos Estudos Surdos. Em contraponto ao modelo médico da surdez, Ladd lançou as bases para a compreensão dos/as Surdos/as como parte de uma minoria linguística e cultural com reivindicações políticas que os/as aproximou das lutas de grupos étnico-raciais, de gênero, de orientação sexual, entre outras formas de resistência ao colonialismo. As reflexões de Paddy Ladd trazem importantes contribuições à formação e à ocupação de espaços de poder por intelectuais Surdos/as.