Resumo
O artigo apresenta uma problematização sobre a constituição da surdez como diferença a partir de sua emergência discursiva, possibilitada pelas transformações socioculturais na segunda metade do século XX. Para tanto, valendo-se do conceito de matriz de experiência para compreender a surdez, empreendeu-se uma análise em um conjunto de trabalhos acadêmicos produzidos no Rio Grande do Sul, em nível de pós-graduação stricto sensu, que discutem sobre educação de surdos desde a perspectiva da surdez como diferença. Foi possível distinguir dois subgrupos de trabalhos: os que concentram esforços no fortalecimento do campo dos Estudos Surdos no país; e os que buscam compreender a constituição de uma diferença surda na Contemporaneidade. Observa-se, no total analisado, uma noção de surdez como diferença fortemente relacionada ao uso da língua de sinais e evidencia-se como o debate acadêmico reforça essa relação linguística. Deste modo, a surdez como matriz de experiência é constituída por saberes que dizem sobre ela lado a lado à língua de sinais, e que têm colocado esta última como uma condição para a diferença surda.