Abstract
As escolas de surdos têm enfrentado grandes dificuldades em se organizarem como espaços de ensino e aprendizagem. Essa dificuldade é produto do enraizamento de práticas reabilitadoras, em detrimento de discussões de caráter pedagógico. A idéia de aluno hipotético, seja a partir do parâmetro da deficiência ou da normalidade, tem dificultado ver os surdos como um grupo que apresentaformas diferenciadas de apreensão e elaboração de mundo, produto de suas experiências visuais, mas que também se constitui individualmente a partir de suas características internas de raça, classe, gênero, região etc. A articulação de um espaço escolar verdadeiramente pedagógico nas escolas de surdos deve ter como princípio fundamental a definição de quem é (são) essa(s) pessoa(s) surda(s), quais suas diferenças individnais, sobre que bases ideológicas estão sedimentadas suas concepções de mundo. As escolas precisam abrir espaços para que os surdos realizem nas próprias elaborações, com/partilhem suas dúvidas e descobertas. Só assim, será possível seperceber em que consiste a diferença e, apartir daí, como trabalhá-la assumindo o conflito, trazendo à tona a necessidade de novas construções políticas, linguísticas e pedagógicas na educação de surdos.