Resumo
Em que medida a feição compensatória e reparadora adquirida, cada vez mais, pelas chamadas “políticas de ação afirmativa” podem, contraditoriamente, promover a transformação do Outro em Mesmo? Partindo dessa indagação, este trabalho tem como objetivo a análise do que se denomina aqui de políticas da piedade, como uma forma possível de problematizar o discurso das referidas políticas, mais especificamente a política de cotas no ensino superior. Utilizam-se os estudos de Nietzsche, Boltanski, Amato, Baudrillard e as categorias de dívida, culpa, vitimização e sacrifício como suporte da reflexão da captura do sofrimento do Outro. A análise de reportagens, entrevistas e cartas, em jornais e revistas do Estado do Rio de Janeiro, foi utilizada na identificação das categorias relacionadas.